4 de agosto de 2011

Alimentos Funcionais

Frutas, verduras e grãos podem produzir vários benefícios ao organismo. Esses alimentos são muito importantes na prevenção de doenças carenciais.
O que há de novo hoje é a certeza de que os alimentos, além de suas qualidades nutricionais, têm substâncias que ajudam na prevenção e controle de doenças. Tais alimentos são chamados de "alimentos funcionais".
Alimentos funcionais são aqueles que, além de nutrir nosso organismo, trazem componentes ativos capazes de prevenir ou reduzir males que vão desde a constipação intestinal até a osteoporose e até mesmo certos tipos de câncer.
Nas leguminosas cozidas, como soja, feijão, ervilha, lentilha; cereais, como aveia, trigo integral, milho; xaropes de ameixa preta ou ameixas pretas inteiras e tamarindos, encontramos tanto fibras solúveis como insolúveis. As solúveis, pelo fato de exercerem sua ação principalmente na parte superior do sistema gastrointestinal, atuam principalmente no estômago e no intestino delgado, e com isso podem auxiliar no controle dos níveis de glicose e do colesterol sanguíneo, fundamental para a prevenção de doenças cardiovasculares e diabetes. O mecanismo principal de ação dessas fibras é que elas retardam o esvaziamento gástrico, ou seja, tornam mais lenta a passagem do bolo alimentar do estômago para o intestino. Dessa forma, a glicose vai sendo liberada mais lentamente para a circulação sanguínea.
 Já as fibras insolúveis exercem efeito principalmente na parte inferior do sistema gastrointestinal, atuando mais no intestino grosso, onde  ocorre reabsorção de água do bolo fecal. Essas fibras aceleram a passagem do bolo alimentar através do intestino, aumentando o volume fecal e tornando as fezes mais macias.
Vários estudos mostram a relação direta do consumo de grãos, frutas e vegetais com  a  redução do risco de câncer.
Os tipo de frutas e vegetais que mais frequentemente apareceram nessas pesquisas como protetores foram soja, alho, cebola, brócolis, couve-flor, repolho, couve de bruxelas, entre outros, cenoura, tomate e frutas cítricas.

SOJA
A proteína da soja tem papel preventivo e terapêutico na doença cardiovascular, câncer, osteoporose e no alívio dos sintomas da menopausa. Isso ocorre por ação de uma substância chamada isoflavona. As isoflavonas, direta ou indiretamente, diminuem a taxa de colesterol, aliviam sintomas da menopausa, aumentam o conteúdo de minerais nos ossos e apresentam atividade anticancerígena.
Diferentes estudos observaram que o consumo de 20 a 50 gramnas de proteína de soja pode resultar em redução de 20 a 30% do risco de doença coronariana. A genisteína e a daidzeína seriam as duas principais isoflavonas da soja responsáveis pela redução do colesterol. Além disso, seriam também responsáveis pela redução de cânceres de mama, pulmão, cólon, reto, estômago e próstata.
As isoflovonas são estrógenos fracos, de estrutura muito semelhante ao estrogênio humano. Esses estrógenos provenientes da soja atuam como antiestrogênios, porque competem com o estrogênio humano pela ligação dos receptores de estrogênio. Assim, eles impedem que estrógenos mais potentes, como aqueles produzidos em nosso corpo, exerçam seus efeitos maléficos. Como elevados níveis de estrógenos no sangue estão relacionados com altos fatores de risco para câncer de mama, o uso de estrogênios fracos da soja tem sido indicado como sendo agente protetor contra essa forma de câncer.  Populações que consomem quantidades significativas de soja têm risco reduzido de câncer dependente de estrogênio e; mulheres que tiveram câncer de mama também diminuem a chance de reincidência pela metade se consumirem o alimento.
Sabe-se que os hormônios estrogênicos são produzidos no ovário, sendo importante para o funcionamento saudável do sistema reprodutivo da mulher. Quando a produção de estrogênio diminui ocorre a menopausa, evento que pode produzir uma variedade de sintomas que incluem dificuldade em regular a temperatura corporal, o que resulta em suores noturnos e ondas de calor. Estudos indicam que o consumo de isoflavonas da soja pode reduzir a freqüência e a intensidade desses sintomas.
Com relação à osteoporose, estudos indicam que a soja pode ajudar na prevenção e tratamento da doença, aumentando significativamente o conteúdo de minerais nos ossos e a densidade da coluna vertebral depois de seis meses mantendo um consumo de 90mg de isoflavona proveniente dessa leguminosa.
Na prevenção do câncer de colo de útero as isoflavonas presentes na soja agem como esponjas, absorvendo uma série de substâncias cancerígenas da parede desse órgão. A soja também bloqueia a formação de um dos cancerígenos mais perigosos, as nitrosaminas. Essas substâncias são o produto da reação entre alguns corantes e conservantes presentes em todos os embutidos e em alguns enlatados.
Uma porção de soja cozida (100g) ou de seus derivados, como por exemplo uma xícara de leite de soja ou meia xícara de tofu, contém quantidades suficientes de isoflavonas para exercer efeitos clínicos. É importante lembrar que o molho e o óleo de soja não contêm isoflavonas.

TOMATE
A substância responsável pela cor vermelha do tomate é o carotenóide chamado licopeno. Esse carotenóide tem propriedades anticancerígenas e que é capaz de reduzir os casos de câncer de próstata pela metade. Funciona também como antioxidante agindo na neutralização de radicais livres, protegendo contra o envelhecimento das células e estimulando a função do sistema imunológico, fortalecendo-o.
O licopeno é o mais eficiente neutralizador de radicais livres de todos os carotenóides e é duas vezes mais eficiente que o betacaroteno. A atividade antioxidante do licopeno confere alto grau de proteção contra a oxidação do colesterol, processo que pode influenciar, por exemplo, no câncer de próstata. É ainda capaz de agir contra doenças coronarianas ao evitar a oxidação do LDL-colesterol (o "mau colesterol"), que leva ao aparecimento da aterosclerose.
Homens que ingerem dez porções de tomate por semana têm diminuído em um terço o risco de contrair esse tipo de câncer, comparados com os que consomem menos de duas porções pelo mesmo período.
A absorção do licopeno pelo organismo é muito maior quando em molhos ou concentrados do que em tomates frescos. O cozimento quebra as paredes celulares resistentes, fazendo com que o licopeno torne-se mais acessível, aumentando sua a absorção pelo organismo.
O tomate fresco, por exemplo, tem entre 3,1 e 7,74 mg de licopeno por cada 100 g de peso. Já o processado possui 11,21 mg e a pasta de tomate tem 30,07 mg.

  BRÓCOLIS, REPOLHO, COUVE E COUVE-FLOR
Vegetais como repolho, brócolis, couve, couve-flor, couve de bruxelas e nabo pertencem à família das crucíferas e são botanicamente conhecidos como sendo da espécie das Brassicas. Esses vegetais contêm compostos importantes para a prevenção de diversas doernças, incluindo o câncer. O sulforafano é um desses compostos e é capaz de eliminar certas substâncias químicas das células, responsáveis por mutações cancerígenas. Outro composto é o indol-3-carbinol, substância de nome complicado que ninguém precisa decorar, mas deve saber que diminui o estrógeno na circulação sangüínea.
A couve, a couve-flor e a couve de bruxelas são excelentes fontes de vitamina C e beta-caroteno, que é o precussor da vitamina A. Uma xícara de couve, por exemplo, contém o dobro das necessidades desses nutrientes, 5 mg de vitamina E, 30 mg de folato, 450 mg de potássio. A couve oferece mais ferro e cálcio que qualquer outra verdura e o seu alto teor de vitamina C aumenta a capacidade desses minerais pelo organismo.
A couve de bruxelas, além de fornecer 130 mg de vitamina C por xícara do vegetal (mais do que o dobro das recomendações dietéticas), fornece também 20% ou mais das recomendações de folato e vitamina A e mais de 10% das necessidades diárias de ferro e vitamina E. Uma xícara de chá desse vegetal contém cerca de 40 calorias.
Uma xícara de couve-flor contém mais do que as recomendações de folato e boas quantidades de potássio e vitamina B6, além de ser especialmente rica em vitamina C. É também rica em fibras e tem baixo valor calórico.
O brócolis tem altas quantidades de vitamina C, vitamina A e folato, além de ser rico em cálcio, ferro e outros minerais.
As propriedades anticarcinogênicas de vegetais, como brócolis, repolho, couve etc., são atribuídas ao conteúdo relativamente alto de glicosinolatos. Esses compostos ativos ficam estocados nos vacúolos celulares dos vegetais crucíferos. Uma enzima (mirosinase) encontrada na célula dessas plantas faz com que os glicosinolatos transformem-se em sulforafano e indol-3-carbinol, substâncias que estão sendo estudadas pelos cientistas por apresentarem propriedades anticancerígenas.
O sulforafano tem capacidade de ligar-se a uma enzima produzida no fígado e juntos limpam as substâncias cancerígenas das células (radicais livres, substâncias químicas etc.), impedindo o câncer. Já o indol-3-carbinol reduz o estrogênio na circulação sangüínea, impedindo o aparecimento de células cancerígenas que dependem desse hormônio para crescer como no caso do câncer de mama.
Mas se o estrogênio humano é um hormônio essencial para a mulher, por que é interessante consumir uma substância (como o indol-3-carbinol) que faz com que ele diminua no sangue ? Sabe-se que o estrogênio, além de coordenar a reprodução, mantém a densidade dos ossos e protege o coração de ataques cardíacos. Além disso, esse hormônio também é responsável pela multiplicação das células mamárias. Entretanto, segundo pesquisadores, se entre essas células existir uma com câncer, o estrogênio vai ajudar na formação de um tumor. Assim, o hormônio não causa câncer em si, mas estimula seu crescimento.
O excesso de estrôgenio pode ser prejudicial ao seu  organismo e é por isso que o indol-3-carbinol presente nas crucíferas é importante, pois elimina-o através do intestino, mantendo o nível sangüíneo normal.
O melhor modo de consumir o repolho e a couve é na forma crua ou levemente cozidos, porque o calor, além de destruir boa parte das vitaminas presentes nesses alimentos, elimina também os compostos com ação anticancerígenas. Se optar, dê preferência ao cozimento a vapor.
Quanto à couve-flor, sabe-se que crua possui mais folato do que cozida, sendo que 80% da vitamina B é perdida no cozimento. Para reter o sabor e reduzir as perdas de nutrientes e dos compostos ativos, cozinhe a couve-flor no vapor ou ferva-a rapidamente. Cozida demais ela fica mole e libera compostos sulfurosos, ganhando odor  desagradável e sabor amargo. E não se esqueça: ao comprar a couve-flor, escolha a que estiver firme, compacta. Se estiver fresca, suas folhas se apresentarão tenras e verdes, com as flores brancas.
Com relação à couve de bruxelas, escolha sempre as pequenas, verdes e brilhantes, com folhas bem fechadas. As não tão frescas têm manchas amarelas, desagradável cheiro de enxofre e sabor amargo. Elas podem ser cozidas em água fervente ou no vapor. Cozinhar demais destrói parte das vitaminas e dois compostos ativos, além de dar ao vegetal sabor amargo. Se for cozinhar no vapor, descubra a panela por alguns segundos a cada dois ou três minutos para impedir a formação de gases sulfurosos.
Finalmente quanto ao brócolis, evite comprar aquele que está com as flores abrindo (sinal de que já não está tão fresco). A melhor forma de consumi-lo é fazer um escadalmento, que consiste em mergulhar o vegetal em água ferventes e retirá-lo rapidamente. Você pode também cozinhá-lo no vapor.

       PEIXES E ÓLEOS DE PEIXES
Os peixes são excelentes fontes de nutrientes. Nos oferecem proteína de boa qualidade e é rico em minerais e contêm um tipo de gordura poliinsaturada, denominada de ácido graxo ômega-3 (w-3).
O interesse científico nos ácidos graxos w-3 é antigo e iniciou-se mais precisamente na década de 70, quando estudos revelaram baixa incidência de doenças cardiovasculares entre esquimós da Groelândia, cujas dietas eram ricas em gordura animal, proveniente principalmente de animais marinhos. Na época, observou-se que os peixes e óleos de peixes consumidos pelos esquimós continham grande quantidade dos ácidos graxos w-3 (principalmente aqueles designados de EPA e DHA), levando a baixos níveis sangüíneos de triglicerídeos, colesterol, LDL-colesterol e VLDL-colesterol. Além disso, entre os esquimós foram observados altos níveis de HDL-colesterol, parâmetro bioquímico que é associado a baixo risco para doenças cardiovasculares.
Os ácidos graxos w-3 podem proteger contra o câncer, além de serem importantes na prevenção e controle de doenças cardiovasculares, aterosclerose, hipertensão e desordens inflamatórias e auto-imunes. Além disso, os pesquisadores descobriram que um desses ácidos w-3 (o DHA) é extremamente importante para o cérebro e para a retina, sendo que baixas concentrações de DHA no plasma têm sido associadas à incidência maior de doenças, como depressão, mal de Alzheimer e problemas de acuidade visual. Por isso, os cientistas alertam para que as pessoas consumam em suas dietas peixes e óleos de peixes e microalgas, pois esses ácidos graxos não podem ser produzidos pelo nosso organismo.
Os peixes ricos nesses ácidos graxos são os gordurosos que se encontram em águas salgadas e profundas como, por exemplo, a cavala, o bacalhau, arenque e salmão.
Outra informação interessante é que, com relação ao conteúdo de gordura, os peixes podem ser categorizados em dois tipos: aqueles que armazenam gordura nos músculos (arenque, cavala e salmão) e nas vísceras (bacalhau). Na última categoria, a maioria da gordura é encontrada no fígado, que não é muito consumido; portanto, comer somente a carne de bacalhau ou peixe semelhante não proporcionará quantidade substancial de ácidos graxos w-3.
As plaquetas são células sangüíneas que desempenham papel importante na manutrenção da integridade vascular, controlando a permeabilidade das células. As plaquetas estão em constante interação com a parede dos vasos sangüíneos e têm tendência normal para juntar-se e aderiar à essas paredes. Isso ocorre quando uma substância vasoconstritora, denominada de tromboxane, é excessivamente formada em nosso organismo. Ela causa vasocontrição e as plaquetas tendem a formar agregados que podem bloquear as artérias e causar trombose coronária ou cerebral. Geralmente, nosso organismo consegue impedir a ação dessa substância produzindo outra denominada de prostaciclina, potente vasodilatador e inibidor de agregação plaquetária.
Para os pesquisadores, o ideal seria aumentar no nosso organismo prostaciclina e diminuir tromboxane. Várias drogas foram desenvolvidas nesse sentido; contudo, praticamente todas apresenbbtaram problemas como diarréia e de biodisponibilidade. Os ácidos graxos w-3 conseguem aumentar a relação entre prostaciclina e tromboxane, prevenindo e controlando a agregação plaquetária e, com isso, evitando as desordens já mencionadas.
Os peixes marinhos que possuem maior quantidade dos ácidos graxos são cavala, sardinha, atum, arenque, bacalhau e salmão; e dentre os peixes de água doce encontramos a truta e o cascudo como boas fontes de w-3.

CHÁ VERDE
O chá verde chinês tem sido considerado bebida saudável. Existem três tipos de chá: o preto (indiano), o verde (japonês e chinês) e  o preto chinês (oolong), mas a maioria dos estudos experimentais demonstra efeitos antimutagênicos e anticarcinogênicos do chá preparado na forma verde ou de frações polifenólicas isoladas de chá verde. O chá verde é rico em vitamina K, nutriente essencial para a coagulação sangüinea. Os compostos polifenólicos antioxidantes, como as catequinas e flavonóides responsáveis por controlar e prevenir certas doenças, são abundantemente  presentes em ambos os chás; a diferença está no processamento. As folhas do chá preto são fermentadas, o que provoca alteração ou destruição de grande parte de seu princípios ativos. Com o chá verde isso não ocorre, pois suas folhas são expostas ao vapor da água e colhidas logo depois. Em seguida, secam naturalmente, sem fermentação, resguardando seus compostos fenólicos.
As catequinas são os compostos mais ativos existentes no chá verde na inibição da carcinogênese e do desenvolvimento do tumor.
O consumo de chá tem-se mostrado prática protetora contra agentes químicos indutores de câncer no estômago, pulmão, esôfago, duodeno, pâncreas, fígado, mama e cólon. Vários derivados da epicatequina presentes nos chás verdes têm mostrado atividade em reduzir e impedir a formação de tumores cancerígenos. O mais ativo é a epicatequina-3-galato (EGCG). Essa substância, dentre as demais presentes no chá verde, evita o sangramento de tumores de pele, impedem o aparecimento de lesões cancerosas no estômago, ajudam no tratamento do câncer de intestino e desestimulam a proliferação das células cancerígenas do pulmão.
As catequinas e outros bioflavonóides exibem atividade antioxidante semelhante à das vitaminas C e E, que também demonstram reduzir o risco de certos tipos de câncer pela eliminação de radicais livres, protegendo contra danos no DNA.
A presença dos antioxidantes naturais confere o segundo principal benefício do chá verde, que é a probabilidade de reduzir o desenvolvimento da doença coronariana (DC). A oxidação das lipoproteínas de baixa densidade (LDL-colesterol) é uma das causas importantes no desenvolvimento da doença coronariana.
Os flavonóides existentes no chá verde demonstraram limitar a peroxidação potencialmente prejudicial das LDL.

VINHO TINTO
 Os compostos que são responsáveis pelos efeitos benéficos do vinho tinto estão nas uvas. Dentre estes, o que mais se destaca é um composto fenólico chamado resveratrol.
O resveratrol é uma substância (uma fitoalexina) sintetizada pelas videiras, com o objetivo principal de proteger a planta contra infecção por fungos. Essa substância está localizada na casca das uvas e sua concentração varia conforme o cultivo, o clima e o tipo de práticas viticulturais. Concentrações maiores de resveratrol são encontradas em variedades de uvas vermelho-roxas escuras.
Os vinhos tintos têm muito mais resveratrol do que os brancos e rosés, apresentando uma quantidade 20 a 50 vezes maior de compostos fenólicos. Isso porque no vinho tinto, as cascas das uvas são incorporadas durante a fermentação do suco de uva no processo de produção do vinho. Uvas escuras e vinhos tintos contêm altas concentrações de fenólicos (os compostos benéficos), entre 920 e 3.200 mg/l. Para efeito de comparação, as uvas verdes em geral contêm somente 260mg/Kg de fenólicos.
O resveratrol exerce vários efeitos terapêuticos devidos ao seu potencial antioxidante. Esse composto apresenta capacidade de prevenir a oxidação do LDL-colesterol (o mau colesterol), evento crítico no processo da aterogênese, podendo, dessa forma, reduzir o risco de doenças cardiovasculares.
Além da atividade antioxidante, o resveratrol pode inibir a agregação plaquetária e a coagulação, além de possuir atividade antiinflamatória. Essa substância é também um agente preventivo contra o câncer. Ainda não se conhece bem o mecanismo pelo qual o resveratrol teria capacidade de inibir as fases de iniciação, promoção e progressão do tumor.
Além do resveratrol, outras substâncias presentes no vinho já provaram ser benéficas ao organismo. Entre elas estão os flavonóides, também encontrados na cebola e na maçã, e que têm propriedades antioxidantes que protegem as células do organismo da ação dos radicais livres, os quais levam ao envelhecimento.
A luteonina e a  quercitina são dois flavonóides encontrados no vinho e na uva  que, além da ação antioxidante maior que o da vitamina E, também protegem o coração contra os efeitos negativos das gorduras.
O vinho tinto contém também procianidinas, substâncias naturais da polpa da  uva, que aumentam  a resistência das fibras colágenas, exercendo efeito protetor sobre as paredes dos vasos sangüíneos.
Os taninos, presentes na casca da uva, que são concentrados através dos polifenóis do vinho, impedem a destruição dos linfócitos de defesa, preservando o sistema imunológico.
Estudos mostram que dois cálices (100 ml) de vinho tinto por dia junto com as refeições são suficientes para proteger seu coração.
Para quem quer os benefícios do vinho sem nenhum risco, vale ficar com as frutas e os sucos naturais. As uvas escuras, ingeridas com casca, e o suco, são tão benéficos quanto o vinho.


ALHO
O alho pertence à família das liliáceas, a mesma da cebola, cebolinha, alho-poró e a cebola de cheiro. Existem pelo menos 88 espécies de alho em todo o mundo.
Um pairo egípcio datado de 1550 aC apresenta mais de 800 fórmulas terapêuticas, das quais 22 são remédios baseados no alho. Naqueles tempos, esses "remédios", chás, alimentos ou poções eram receitados para doenças que incluíam desde fraqueza (corpo debilitado), dores de cabeça, até tumores de garganta. Hipócrates, o pai da Medicina, declarava que o alho era excelente na cura de tumores e eficiente diurético. Aristóteles o recomendava na cura da raiva.
Médicos indianos e chineses utilizavam o alho na limpeza de feridas e no tratamento de dor de cabeça, febre, desinteria e cólera.
Em 1858, dois grandes cientistas relataram descobertas importantes em relação ao alho. O microbiologista francês Louis Pasteur descobriu seus poderes bactericidas, enquanto o alemão P.W. Semmler isolou nele duas substâncias capazes de prevenir as doenças cardíacas. Mais tarde, foi demonstrado que o alho possui atividades antivirais, antibacterianas e antifúngicas.
A atividade biológica de um extrato de alho, portanto, depende do modo de seu preparo. Como seus princípios ativos são muito sensíveis ao calor, o ideal é utilizar o alimento preparado à temperatura ambiente, nas formas crua, óleo em cápsula ou na forma de sucos. O alho em pó, utilizado em alguns estudos, pode ter sua eficácia comprometida pelo fato de a secagem ser feita em temperaturas próximas dos 50ºC.
Um dos compostos mais importantes do alho é o aminoácido cisteína, que se fixa em substâncias como chumbo e mercúrio, conduzindo-o para fora do organismo. Como isso, poupam o fígado dessas toxinas.
A arginina é outro aminoácido abundante no alho. Estimula a secreção do hormônio de crescimento, fortalesce o sistema imunológico e ajuda a remover a amônia, subproduto tóxico do metabolismo das proteínas.
No bulbo intacto do alho existe um aminoácido, sem odor, denominado aliina. Esse aminoácido, por ação de uma enzima chamada alinase, é transformado em  alicina quando o alho é cortado ou triturado. A alicina é um poderoso agente antibacteriano, e é a responsável pelo odor característico do alho.
Os compostos ativos do alho impedem que o colesterol se fixe nas paredes dos vasos sangüíneos, diminuindo as chances de formação de placas ameaçadoras, qua acabam bloqueando perigosamente a circulação do sangue. Eles podem aumentar a elasticidade dos vasois e relaxar pequenos músculos ao redor deles, fazendo com que os vasos mais flexíveis resistam melhor às agressões, como as da pressão alta. Muitos estudos têm demonstrado o potencial anti-hipertensivo do alho. Em um deles, realizado na China em 1986, foi administrado óleo de alho equivalente a 50gramas de alho cru a um grupo de 70 hipertensos. A redução da pressão arterial ocorreu em 62% dos pacientes. Esses compostos têm, também, a capacidade de diminuir as gorduras, em especial o LDL-colesterol (mau colesterol).
Os estudos também mostram que os princípios ativos do alho podem exercer propriedades anticancerígenas. Alguns desses princípios são inibidores das nitrosaminas, substâncias tóxicas associadas ao câncer de estômago, formadas pela junção dos nitritos e nitratos, encontrados nos embutidos para dar cor e conservá-los. A ação antibacteriana do alho combate a bactéria Helicobacter pylori, que danifica a mucosa gástrica do estômago, facilitando o surgimento da úlcera e do câncer.

BATATA YACON


A yacon (Polymnia sonchifolia Poepp. & Endl.) não é uma batata, mas um tubérculo ainda pouco conhecido no Brasil, que também pode ser denominada por batata do diabético, jicama, jiquima, yacuma, yacon strawberry, polimnia e outros. É uma planta perene, compacta, que forma um sistema radical muito ramificado de talos aéreos cilíndricos de até 1,5m de altura, folhas verdes e flores pequenas de cores amarelas e alaranjadas.
A provável origem da yacon pode ter sido região dos Andes, nos países como Venezuela, Colômbia, Equador, Bolívia, Chile, Argentina e Peru, por ser um tubérculo comumente encontrado em altitudes medianas como a dos países da América do Sul. Seu sabor é adocicado.






Composição por 100 gramas de porção comestível.  


Componente

Unidade

Valor

Energia

Kcal
54

Água

g
86,6

Proteína

g
0,3

Gordura

g
0,3

Carboidrato

g
12,5

Fibra

g
0,5



Podem ser consumidas cozidas, refogadas ou in natura, na forma de saladas ou sucos. Contêm em sua composição os minerais básicos, carotenos e vitaminas A, tiamina, riboflavina e C.
O yacon é um alimento muito promissor tanto para alimentação humana como para medicina. Na maioria das raízes e dos tubérculos o armazenamento de carboidratos ocorre na forma de amido, um polímero de glicose, por outro lado, a yacon armazena carboidratos na forma de inulina e oligofrutanos, um polímero composto principalmente por frutose, por esse motivo pertencem a classe de carboidratos conhecida como frutanos. De acordo  com a literatura as raízes tuberosas de yacon acumulam quantidades apreciáveis de fruto-oligossacarídeos, na faixa de 60 a 70% da massa seca.
O yacon é considerado um alimento funcional porque seus constituintes, a inulina e os oligofrutanos interferem em alguns processos fisiológicos e bioquímicos no organismo humano, resultando em melhora da saúde e diminuição do risco de várias doenças. Estudos experimentais mostraram que os frutanos funcionam como agentes bifidogênicos, estimulam o sistema imune, diminuem o risco bacteriano patogênico no intestino, melhora a constipação, o risco de osteoporose pelo aumento da absorção mineral, especialmente do cálcio, reduz o risco de aterosclerose pela diminuição da síntese de triglicérides e dos ácidos graxos no fígado e diminuindo os seus níveis no sangue. Os frutanos também demonstraram capacidade de modular o nível da insulina e do glucagon, portanto, regulam o metabolismo de carboidratos e dos lipídios pela diminuição dos níveis de glicose sanguínea.
A importância nutricional da estrutura das inulinas e oligofrutoses são ligações b-2,1, que impedem que sejam digeridas pelas enzimas digestivas humanas e são responsáveis pelo seu teor calórico reduzido e suas propriedades como fibras alimentares solúveis. Portanto, o yacon é um alimento que pode ser usado por diabéticos como complemento alimentar. De acordo com Villar MH., apesar da fibra vegetal não sofrer modificação no aparelho digestivo do ser humano, ela é importante para a saúde e deve estar diariamente presente nas refeições. Além de evitar a prisão de ventre, as fibras vegetais fazem com que os resíduos da digestão dos alimentos considerados tóxicos sejam eliminados mais rapidamente.      



Lúcia Moura Cardoso – Nutricionista Clínica Funcional e Mestre em Psicologia Social (Escrito em 19/05/2005)

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